Escritor: o manipulador de emoções #2

Boooom dia, prodígios do meu coração! O que vocês andam lendo? Bom, depois do sucesso da primeira dica sobre como manipular o sentimento dos leitores (apesar de muitos prodígios terem confessado que é muito difícil se emocionarem ao lerem livros - e eu nunca vou entender isso!!), trago a vocês mais um post dessa coluna. Dessa vez o tema é...

Raiva

Depois do choro, como não pensar no sentimento raiva ao ler um livro? Um bom livro contém um punhado de casos de "irritação" e "ódio". Ou seja, como não ter um caso de amor e ódio com aquele personagem que irrita TODOS OS LEITORES, não importa quais atitudes ele tome? Como não sentir raiva daquela situação que o maldito escritor inventou, quando tudo parecia estar dando certo?

Enfim, dá pra entender que deixar o leitor com raiva pode ser uma técnica muito interessante e que ajuda a empolgar a narrativa e a dar mais "vida" ao enredo.

"Entãããão, Senhorita Escritora-Manipuladora-de-Emoções-Master, como faço isso?!"

Há diversas maneiras de irritar um leitor e trazer mais emoção ao enredo. Conseguem imaginar alguma?

De primeira, penso em um personagem, como no exemplo citado acima. Personagens bem desenvolvidos e que praticamente "pulam" das páginas para o mundo real são os mais intrigantes e interessantes. Quem não gosta daquele filho da p mãe, desgraçado, que só pensa em derrotar o protagonista? É claro que a princípio todos nós o odiamos e queremos que ele morra o mais dolorosamente possível (bom, talvez a gente nunca consiga se livrar desse sentimento... tipo a Bellatrix do Harry Potter... ô mulherzinha!). Mas essa é a diferença entre um bom enredo e um enredo horrível: saber criar os participantes da história.

O que um escritor sabe é que há personagens que nascem para serem bondosos e amigos; da mesma forma que existem aqueles que nascem para fazerem maldades, e ninguém sabe a princípio o porquê (e vamos ser sinceros que saber explicar esse porquê não é fácil e é extremamente difícil não cair no temido clichê).

Então aqui está uma dica importantíssima se você for escrever um livro, fantástico principalmente: VILÕES SÃO ESSENCIAIS. Completamente essenciais e precisos para a narrativa continuar.

Por exemplo, que sentido teria para o pequeno e inexperiente Harry Potter se não existisse Voldemort? Ele não seria órfão e não precisaria lutar contra basiliscos ou Comensais da Mortes. Ele viveria, junto a seus pais, feliz para sempre - como em um bom conto de fadas. O pequeno bruxo nunca seria conhecido como o "Menino que Sobreviveu" e todas as histórias mágicas não passariam de uma mera possibilidade.

O que seria, em contrapartida, de Mo e Meggie sem Capricórnio? Eles não precisariam correr riscos e se sacrificarem para trazer Tereza de volta e nada de ruim aconteceria a eles e a seus familiares... (prodígios, digam-me que já leram Coração de Tinta!!!)

A raiva, ódio ou mesmo desprezo, por certo personagem pode ser um impulsionador para trazer emoção a história.

"Mas, afinal, pare de enrolar e diga como eu faço isso, ué!!!!!!"

É simples: ao pensar no seu livro ou conto, pense em um vilão. Não precisa necessariamente ser um pessoa, homem ou mulher. Pode ser um animal, um robô, uma situação: algum objeto que vá contra os princípios do protagonista e fará os leitores sentirem raiva ou frustração.

Vamos ao exemplo...

Thais é uma garota que precisa provar para sua família que pode ser a melhor de todas no exame. Ela estuda dia e noite, passa as noites em claro e deixa de fazer muitas coisas para estudar. No dia do exame, no entanto, aparece Márcio, um vigarista que troca as provas e faz a garota tirar a pior nota possível. Márcio faz questão que ela saiba o que foi feito e afirma que ela terá que ficar de boca fechada ou então sofrerá as consequências.

Uma história beeeem simples, mas que ilustra o que quero dizer (agora imagem porquê o desgraçado fez isso e vocês terão um bom enredo). Qual seria a graça se ela se saísse bem e nada atrapalhasse seu caminho? Não existiria história alguma!!

Reviravoltas são importantes, senão essenciais, em um enredo bem escrito. Quando uma situação muda de promissora para desesperadora, deixamos os leitores roendo as unhas, bufando e com aquele sentimento na cabeça: "Por que você fez isso??? Odeio esse livro!!! Odeio esse escritor!!! ...... Mas preciso ler para saber o que vai acontecer!!! Arghhhh". Seu livro ficará marcado na memória dele por um bom tempo, apenas lembre-se disso! hehe

Saiba se utilizar dessas situações. Crie um bom vilão (e por que não um vilão aterrorizante e ao mesmo tempo encantador?), crie situações em que você deixe o enredo de cabeça pra baixo (aquele usual "estava indo tudo bem e então tudo cai por terra"), e então deixe seu leitor tão, mas tããão irritado, com terminado personagem que ele jogará seu livro de lado por alguns minutos...

No entanto, sua curiosidade e sentimento inflados serão o suficiente para que ele o pegue de volta e devore-o.

Não crie uma história sem graça.

Não deixe o tédio dominar a narrativa (a não ser que seja proposital). Use emoções reais e transmute-as para o papel, de forma que ao passar os olhos por aquelas letras o leitor possa sentir o que você sentiu ao escrevê-las. E o mais importante:

Escreva com emoção.

Os melhores textos são aqueles que estão transbordando conhecimento e paixão.

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Você tem alguma dica para me dar? Fique a vontade e deixe-me ouvir suas sábias palavras! Espero que tenham gostado dessa nova e irritante dica sobre como manipular nossos queridos leitores!

Abraços,
L. L. Alves