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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Descrevendo cenários

Confesso que a palavra "descrever" não é minha melhor amiga. Tenho muita dificuldade em colocar no papel (ou no arquivo do Word) cenários e lugares. É claro que estou melhorando bastante, mas meu foco é sempre na fala e na ação da história. Acho descrições longas muito cansativas para o leitor. No entanto, pensando que talvez outros aspirantes como eu precisem de uma "mãozinha" nesse assunto, resolvi fazer esse guia. Vamos lá!



1 - Não se apresse
Primeiramente, um ótimo jeito de descrever um cenário é conhecendo-o. Como já disse em posts anteriores, nada melhor começar escrevendo sobre lugares já visitados. Se arriscar é ótimo, mas cuidado. Às vezes é necessário um treino antes. É simples: escrevam sobre o lugar onde nasceram ou viveram, ou mesmo lugares visitados que estão gravados na sua memória. É claro que temos aquela ideia que cenários brasileiros não são tão interessantes quanto Londres ou Nova Iorque, mas precisamos ir aos poucos. Antes de escrever essa série, por exemplo, eu escrevi outros livros - nenhum publicado, é claro. E eu usava cenários conhecidos, ideias já moldadas na minha mente. Portanto: não se apresse!

2 - Verossimilhança
Por favor, por favor mesmo, não descreva lugares que não façam sentido na vida real. A não ser, é claro, que seja Nárnia ou a Terra Média. Nesse caso, você poderá escrever o que quiser (não é bem assim... não entendam mal :P mas você terá mais "liberdade" na hora da escrita). Se a sua história se ambienta no mundo moderno, você não poderá escrever que cai neve no Rio de Janeiro! Da mesma forma que é muito difícil (não impossível) ter dias claros e ensolarados em Londres. Por isso tenha certeza do lugar onde se ambienta sua história e certifique-se que faça sentido. Não "dá dando trabalho" para pessoas que viajam muito - não é o meu caso -, mas mesmo assim é sempre bom....

3 - ... PESQUISAR!
A chave de todo o processo. Não adianta falar que conhece as ruas de Ubatuba e falar sobre Taubaté, porque "são cidades próximas". Uma cidade é completamente diferente da outra! Por isso sempre pesquise. Felizmente hoje nós temos o Google e assim podemos nos conectar com outros sites e não apenas procurar em livros. Há sites, inclusive, criados para falar de determinada cidade. Então, meu pobre aspirante, pesquise! Pesquise muito. Não se contente apenas com o Wikipedia... Inove.

4 - Converse
Talvez mais importante do que pesquisar na internet é conversar com pessoas que já visitaram o lugar. É simplesmente PERFEITO. Conhece um amigo que foi para Portugal e precisa falar sobre a cidade? Pergunte a ele. Está pensando em falar sobre Fernando Pessoa, não tem a menor ideia como começar, mas aquele primo já foi e até tirou fotos? Entre em contato com ele. É claro que precisaremos depender de outra pessoa - e confiar nela, principalmente - mas ajuda muito. Você terá uma visão de um visitante, não uma versão automática que encontramos em qualquer lugar. Meus livros, revisados pela minha incrível ex-professora de história Mirtes Castro, tiveram muita ajuda nesse quesito!! Eu me comuniquei com ela via e-mail, tirei minhas dúvidas e ela se propôs a ajudar. Eu senti como se realmente estivesse lá através dos seus comentários! (muito obrigada, Mirtes! *-*)

5 - Ler... Ler... Ler!
Como todo escritor também é um leitor não preciso repetir que é preciso ler, certo? Bom, vou repetir da mesma forma! Leia sempre! Com a leitura você absorverá muita informação importante e que poderá ser usada. Sempre que der use aqueles post-it, sabem? E enquanto estiver lendo o livro vá marcando passagens onde há uma descrição interessante. Comece a prestar atenção nas palavras, realmente prestar atenção. Eu entendo, como ninguém, que às vezes a história está tão interessante que acabamos "comendo" palavras e nem percebendo os detalhes, certo? Eu sou assim, confesso. Mas quando preciso me focar em descrever uma cachoeira, por exemplo, e estou com dúvidas, eu leio! Na passagem eu paro e reflito o modo como o escritor construiu-a; anoto as palavras usadas. Enfim, leiam com mais calma e, se é que posso dizer, profissionalmente.

6 - Mão na massa!
Depois de se informar sobre o local, pesquisar na internet, conversar com conhecidos e ter certeza que não está escrevendo que existem pôneis na Amazônia (a não ser que esse seja seu objetivo), é hora de escrever! Visualize a cena na sua mente - não tenha pressa! A ansiedade para colocar a descrição no papel é grande, mas pare e pense. Existe grama ou asfalto? O céu está ensolarado ou nublado? O que há em volta? E então escreva. Apague, escreva novamente, revise. Não é fácil, mas você acaba pegando o jeito!


São poucas dicas, mas foram as dicas que eu pude reunir nesse período em que estou escrevendo. Espero que ajudem vocês na hora de escreverem! Boa sorte! =D

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Abraços,
L. L. Alves

27 comentários:

  1. Dicas muito boas. A gente sempre tem que prestar atenção nos detalhes. Quando comecei a escrever uma história, tinha uma cena em que estava fazendo frio, e a história se passava no mês de dezembro. Só quando reli o capítulo é que percebi que aqui no Brasil não faz frio em dezembro!! kkkkkk tive que mudar toda a cena. Outro problema na descrição de lugares e cenas é (geralmente quando o livro é em terceira pessoa) é escrever uma cena que acontece a noite ou em lugares escuros. Tipo (mania de falar tipo) como ele viu aquilo se estava sem nenhuma luz? hehehe sou muito apegada a detalhes.
    Sobre a dica 3 de pesquisa, o google imagens está aí para isso né, mas na maioria das vezes, é mais fácil inventar uma cidade fictícia do que escrever sobre um lugar que a gente não conhece.

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    1. Nossa, eu não teria falado melhor, Marina!!
      Realmente... Frio em dezembro é tenso! hahahahahaha
      Ah sim! Os detalhes são sempre importantes, por isso é tão importante prestar atenção e revisar SEMPRE. Esse detalhe do escuro também é interessante. Você precisaria explicar porque a pessoa está conseguindo ver.
      Sim. google imagens me falsa em muitas situações! É ótimo! Não me utilizava muito antes, mas agora uso direto!

      Você acha?? Acho que é tão difícil criar um outro mundo.. Ou mesmo uma cidade fictícia. Acho que ainda preciso estudar muito e escrever muito para chegar nesse nível ^^


      Amei seu comentário =D

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    2. quis dizer *salva* não *falsa*. Isso acontece direto x.x hahahahaha

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    3. Eu acho um pouco mais fácil inventar uma cidade, mas com elementos do lugar onde a gente vive. Por exemplo, na minha cidade não tem uma floresta (?), se eu escrevesse um livro que se passa na minha cidade, e quisesse colocar uma floresta, não ia dar, porque aqui não tem, mas em uma cidade inventada eu posso colocar até a torre Eiffel. kkk'

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    4. hahahaha Entendi o que você quis dizer e concordo! Fiz muito isso nos meus primeiros livros =D

      É muito bom para um começo! ^^
      Beijos Marina!

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  2. Gostei muito!
    Pouca gente sabe, mas também gosto de escrever, rs. Não tenho esperança de que um dia algo meu seja publicado, mas me divirto com isso, hehe.
    O post ajudou bastante!

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    1. Mas o bom mesmo é se divertir!! Não faço pelo dinheiro, mas porque amo e é divertido =D

      Obrigada! Fico feliz ^^

      Beijos, Ana!

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  3. Adorei as dicas Lu!
    Eu tinha um certo preconceito com literatura nacional pelo fato de achar mais interessante uma estória com um cenário que eu não conheço como Paris, EUA do que o Rio de Janeiro. Agora estou mudando o meu jeito de pensar.
    Se um dia eu for escrever um livro, que é uma vontade que eu tenho, só não sei por onde começar. Vou lembrar das suas dicas!
    Beijinhos!

    Camila.
    loucuradelivros.blogspot.com.br

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    1. Obrigada, Camila :DD

      Pois é! A gente acaba mesmo pensando assim, com tanta literatura estrangeira sendo divulgada por aqui e tão pouca brasileira!

      Hmm, que bom!! Obrigada! Um dia você acaba escrevendo ^^

      Beijos!

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  4. Passando para conhecer o blog! Parabéns! Boa sorte na sua carreira.
    Adorei as dicas. Eu, particularmente, adoro descrições. Acho que uma história não é a mesma coisa se fica "correndo", muito rápido, muito diálogo. Gosto da narração... da introdução... ajuda a criar a imagem mental, o cenário... enfim, gosto muito! rs

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    1. Obrigada!! =D
      Fique a vontade por aqui!

      Ah sim! Concordo com você nesse aspecto. Descrições são importantíssimas para criar essa imagem. Obrigada pelo comentário ^^

      Beijos

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  5. Nossa, minha barriga está cheia de tanto comer palavras!..rsrs
    Estou prestes a entrar nesta fase do livro! Finalmente estou conseguindo desenvolver a história, sinto o avanço! A história é um tanto quanto complexa, queria concluir um outro projeto mais simples antes, mas foi impossível não conseguia pensar em outra coisa. Não tenho certeza do ambiente em que se passará, estava pensando em juntar locais das cidades que conheço e transformar num outro lugar, acho que será menos arriscado e terei mais liberdade!..rs
    Ah, também fui aluna da Mirtes!

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    1. wow que legal!! Boa sorte então! Que essa sensação ótima não passe!

      Indicaria fazer isso mesmo, criar um novo lugar, assim você pode soltar a imaginação e ter mais liberdade.

      Sério?! Não sabia ^^

      Beijos

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  6. Sobre livros ambientados no Brasil, realmente não pareciam tão empolgantes para mim até eu ler "O Vampiro Rei" do escritor André Vianco. O livro é bom e o mais legal de tudo é que se passa no Brasil, tem cenas inclusive que se passam em Ubatuba, pertinho da casa da minha mãe, onde eu morava na época, foi o máximo! Era algo tão próximo que dava mais ainda a impressão de ser real, como se estivesse acontecendo naquele exato momento ali pertinho de mim!

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    1. É, quando a gente não tem essa ideia formada na cabeça acabamos tendo um pensamento, de certa forma, "preconceituoso". Hoje eu amo livros que se ambientam no Brasil, apesar de não ser tão divulgado quanto os outros né?

      Poxa que legal!! Ubatuba mesmo?!?! Vou querer ler esse livro! Quem é o escritor?

      Beijos

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  7. Muito bom o post! Afinal, descrever não é fácil -.-'

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  8. oiii tem selinho pra você lá no blog
    Beijos
    Tífany - http://osamantesdaleitura.blogspot.com

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  9. O autor de "O Vampiro Rei" é o André Vianco, a maior parte da história se passa na cidade de São Paulo, mas tem uma passadinha por Ubatuba sim. São dois volumes e ele também tem outros livros, maioria na área de terror.

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    1. Hmmmm, valeu Natalha! Vou dar uma procurada com mais calma depois =)

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  10. What works a lot for me is just going to public places and observing people and scenarios.. Every low conversation, every inconspicuous gaze, every small gesture inspires you to picture a scene and write about it. :]

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    1. Yeah... Sometimes I do that too! It's so inspiring, isn't it? =DD

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  11. Por isso meus livros se passam no Rio... rs. Aliás, comecei um romance que se passaria em um bairro próximo onde morei, já mudei para usar o bairro onde morei... Ou se passam no Rio no futuro, porque posso imaginar mudanças paisagísticas e urbanísticas.

    Prefiro evitar descrições de cenários, mas me esforço para descrever os personagens, e ambientes menores, como quartos, etc.

    Bjos

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    1. Hmmmmm. Que interessante Flavio! Até que minhas dicas não são tão malucas assim hehe

      Fiquei curiosa para ler seus livros!!!

      Entendo. Eu também sou assim! Descrevo mais detalhadamente os personagens e ambientes menores. Obrigada pelo comentário =)

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    2. Até agora só lancei meu livro de contos... rs. Três contos que publiquei em e-book e lancei impressos juntos no início de junho... E seguirei lançando meus livros por conta própria mesmo... rs

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    3. Hmm entendi! Boa sorte então, Flavio!! xD

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